Avanços da Medicina

Por uma boa noite

Temperatura, ruído e luminosidade do ambiente devem ser levados em conta para garantir a qualidade do sono

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O mês de fevereiro registrou temperaturas recordes em todo o país. Em Curitiba, os termômetros não chegavam a números tão altos desde 1975 e o calor não deu folga nem durante a madrugada. O resultado: noites mal-dormidas e dias de cansaço!

Isso acontece porque o ambiente influencia diretamente a qualidade do sono. A neurofisiologista Olga Judith Hernandéz Fustes explica que, para dormir melhor, é fundamental observar a temperatura, os ruídos e a luminosidade do quarto. “Esses fatores, se não controlados, podem causar muita agitação noturna, resultando em microdespertares recorrentes e na ausência da fase do sono chamada REM, período em que o descanso realmente acontece”.

No caso da temperatura, a dificuldade em dormir é maior porque, durante o sono, o termostato regulatório do corpo diminui o seu funcionamento a fim de economizar energia e o corpo fica mais vulnerável ao calor ou ao frio do ambiente. O desconforto gera despertares frequentes ao longo da noite. Por mais que não sejam lembrados, esse despertares prejudicam a qualidade do sono e, consequentemente, a disposição no dia seguinte. Por isso, é importante utilizar todos os recursos disponíveis para tentar manter a temperatura entre 19 e 24ºC, conforme orienta Dra. Olga Judith. Se possível, deixar janelas abertas, utilizar ar-condicionado ou ventiladores e usar roupas leves para dormir são algumas das sugestões para vencer o calor.

Luz e som

A luminosidade também é um fator importante a ser considerado na hora de preparar o ambiente para dormir, já que o menor sinal de luz pode prejudicar a produção de melatonina. O hormônio, responsável por regular o sono, é secretado no organismo por estruturas fotossensíveis quando não há luminosidade e ajuda a preparar e induzir o organismo a dormir.

A indicação da neurologista para um sono saudável é que o ambiente esteja completamente escuro. O uso de cortinas, tipo blecaute, pode ser uma boa opção. Caso ainda haja entrada de luz no quarto, o uso de tapa-olhos também é indicado. Mesmo com a temperatura e luminosidade controladas, ainda há um terceiro fator ambiental que pode prejudicar o sono e, muitas vezes, não é possível controlá-lo: o ruído. Além de ser a causa de muitos despertares noturnos, os barulhos podem dificultar o momento do adormecer, diminuindo o tempo de descanso.

Quem sofre com os ruídos urbanos constantes ou da vizinhança pode pedir a indicação médica de protetores auriculares apropriados e utilizá-los durante a noite. Mas a Dra. Olga Judith ressalta: “Não é indicado, entretanto, que a pessoa durma em um ambiente com ruído zero, pois não conseguirá dormir caso haja qualquer variação na quantidade de barulho, mesmo que ele seja mínimo. O som de um ventilador, por exemplo é o que chamamos de ruído leve e não é prejudicial à qualidade do sono”.

Na categoria dos barulhos, é importante lembrar que o ronco não é considerado um ruído leve e é prejudicial tanto à pessoa que ronca quanto às outras pessoas que são afetadas pelo som durante a noite. “Aqueles que roncam devem procurar descobrir o motivo do problema para melhorar a qualidade do seu sono e de seus familiares”, frisa a especialista.

O início de um problema

Muitos desses fatores ambientais podem ser sazonais: o calor de um verão atípico ou o barulho temporário da vizinhança. Entretanto, esperar o problema passar, sem tomar atitudes para melhorar a qualidade do sono, não é uma boa escolha. “Se o organismo é condicionado a essas interferências externas durante o sono, mesmo quando os problemas foram solucionados, a pessoa continuará a dormir mal. Isso é chamado de insônia psicofisiológica, um transtorno do sono que precisa de tratamento”, alerta a neurologista.

 

De olho nos sintomas

Mesmo que acordem várias vezes durante a noite, muitas pessoas não se lembram e acreditam que dormiram bem. Os sintomas diurnos são um alerta para mostrar que algo não está certo na qualidade do sono e que pode ser a hora de buscar ajuda médica.

 

Fique atento a:

  • Sonolência excessiva;
  • Dor de cabeça matinal;
  • Irritabilidade e mudanças de humor;
  • Ansiedade;
  • Problemas de memória;
  • Dificuldade de concentração.
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