Bem Estar

Para se construir, descontrua-se primeiro

A fórmula da felicidade existe? Sim, porque o sucesso em todas as áreas da vida depende apenas de nós! Mas uma ajuda profissional pode ser inevitável

Viver, às vezes, pode parecer conflitante, até mesmo para aquelas pessoas vistas como “bem-sucedidas”. Na prática, vemos uma grande parcela da sociedade frustrada, em vários aspectos – na realização pessoal, no reconhecimento profissional e nos planos de vida. O conflito vem das decisões e escolhas que levam, ou não, à realização dos nossos sonhos e que direcionam a razão que temos em ser e existir.

“Precisamos nos sentir vivos, livres, amados, realizados e felizes! Esses são os desejos naturais de qualquer ser humano. Porém, se o trabalho e as funções que desempenhamos para viver e construir não estiverem em equilíbrio com os desejos e os planos que um dia traçamos, nós abdicamos e comprometemos as nossas realizações, os sonhos, a felicidade e a saúde emocional, pois estaremos apenas correndo atrás. Resultado: frustração”, revela Dra. Daniella Forster, psicóloga, coach executiva e de carreira, especialista em Gestão de Pessoas e mestre em Administração Estratégica.
Segundo Dra. Daniella, é preciso compreender o processo de decisão do que queremos e do que desejamos ser. “Ele começa na infância, em que fomos estimulados a sonhar se seríamos bombeiros, astronautas, médicos, engenheiros, policiais ou pais de família, não importa. Nós imaginamos e alimentamos esses sonhos em nossas mentes e começamos a projetar ali o nosso futuro”, revela a psicóloga.

Ela explica que na adolescência passamos a compreender a vida, o trabalho, o dinheiro, as conquistas e continuamos a imaginar e a sonhar. “O adolescente já possui aptidões claras, gostos e sabe que há uma infinidade de profissões a escolher. É nessa fase que os ‘conceitos’ e as ‘verdades’ sobre carreira e trabalho são criados, assim como as primeiras barreiras. Nós escutamos: ‘Isso não dá futuro!’, ‘É isso que dá certo!’, ‘Essa é a área que vai bombar!’. E assim absorvemos e questionamos. Quando nos demos conta, somos adultos e decidimos o que iremos fazer para a vida toda”, declara Dra. Daniella.

Vários adultos acertam em suas escolhas, mas muitos mudam de área quando veem que aquilo não era o plano deles. E para aqueles que não ficou claro, o que acontece? “Esse grupo considerável de indivíduos encontram atividades nas quais podem se desenvolver e encontrar desafios, às vezes para uma boa parte da vida profissional. Eles vão se ajustando à carreira ou buscam novas oportunidades, até acertar”, explica Dra. Daniella. A especialista em Gestão de Pessoas conta que eles são a maioria e atuam em todas as esferas (pública, privada), como profissionais liberais e empreendedores. Mas com o tempo muitos deles entram em um conflito, perdem o sentido e descobrem que falta algo, algo que os impedem de sonhar. Eles só têm duas opções: deixar de sonhar ou ir atrás do que os motiva a seguir em frente.
“Os problemas são os apegos e as desculpas, a maioria se acomoda com a rotina e enrijece. O apego ao sustento, a estabilidade, os benefícios, a desculpa da falta de tempo e/ou de criar os filhos os amarram a essa condição. Eles querem crescer, se reconectar, buscar uma nova vida profissional, mas encontram barreiras nos ‘conceitos’ e ‘verdades’ que carregam na vida”.

O caso de Leandro Negherbon, 34 anos, executivo de relacionamento e atendimento: “Foi durante uma pós em Gestão de Pessoas que vi o potencial que temos em fazer a diferença na vida dos outros. Na época, eu estava iniciando minha carreira, era consultor técnico numa grande empresa, mas queria algo a mais. Tinha metas pessoais que não iria obter sendo consultor. Ainda não estava claro o que eu queria ser, mas sabia que não era feliz com minha vida. Iniciei o processo de coaching para me encontrar e dar um novo rumo, percebi que me faltava competência e fui atrás”, revela o administrador Leandro.

O sucesso profissional veio. Leandro cresceu, tornou-se executivo de vendas e conquistou mais autonomia. O coaching atua como um processo de autoconhecimento pessoal e profissional, ele ajuda e orienta as pessoas a darem passos e a avançarem em seus desafios.

O executivo conta que foram muitos passos e grandes avanços. “Traçamos um escopo completo, focado na mente, no corpo, no profissional e no pessoal. Não há milagres nem promessas, os passos são dados com cuidado. Eu tinha uma série de questões emocionais e outros dilemas que só resolvi com muito apoio”, evidencia Leandro, que há dois anos está numa nova empresa: “Hoje, posso dizer que sou mais resolvido e feliz no que eu faço e muito mais focado do que antes. Sei que o sucesso só depende de mim, mas procurar orientação quando preciso nortear decisões de maior complexidade faz toda a diferença!”, celebra Leandro.

É preciso voltar a sonhar. Leandro se reconectou com suas metas e isso foi essencial; trabalhou questões pessoais, ansiedade, foco, compulsão e até emagreceu. “A mudança é pessoal, o trabalho é o meio pelo qual construímos isso, e passamos boa parte da vida nele; então, sua atividade precisa ser prazerosa, ter satisfação e um ambiente adequado para se desenvolver e aprimorar”, enfatiza Dra. Daniella.

Desconstruir preconceitos e voltar a sonhar

Ana Carolina Oporto Zartaloudis sempre gostou de lidar com números e dinheiro, desde criança. Ela adorava economia e planejamento e quando se tornou administradora fez tudo certinho. Estagiou em empresas, entrou em uma multinacional, se desenvolveu e foi promovida, por duas vezes, mas ao chegar aos 24 anos resolveu voltar a estudar. Fez prova para mestrado, ganhou bolsa integral e ainda foi remunerada para fazer isso. “Claro, tive que sair da empresa, mas senti que era hora de investir na minha carreira. Aprendi e muito, ministrei aulas de Planejamento Estratégico até para estrangeiros!”, celebra Ana, que casou no fim desse período. “Recebi então uma proposta para atuar na recuperação financeira de uma empresa e aceitei. Em seis meses reestruturamos ela inteira, foi bem complexo: crescemos, aumentamos o faturamento e resgatamos a credibilidade, tudo estava dando certo. Foi aí que engravidei!”, revela Ana, que trabalhou até o nono mês e continuou dando suporte de casa. Quando voltei da licença, infelizmente o quadro da empresa já não estava mais tão promissor e acabei sendo dispensada”.

A história de Ana é vivida por milhares de mulheres: a maternidade, o desejo e o sonho de ser mãe são colocados à frente do trabalho. Dra. Daniella Forster explica que a maternidade não pode ser vista como um obstáculo na carreira ou um problema para as empresas; afinal, muitas mulheres conciliam as duas coisas, mas existe uma pausa. “Há dois tipos de grávidas, aquelas que planejaram e as que não. Por isso, ter condição de abrir mão da atividade pode ser uma opção para algumas, outras se dedicam meses e até anos na criação do(s) filho(s) e regressam ao mercado. Claro que esse retorno não costuma ser tão suave e fácil, mas é válido!”, afirma Dra. Daniella. “O regresso sempre vem acompanhado de incertezas e barreiras, os ‘conceitos’. Quem irá contratar uma executiva com filho pequeno? Ela não poderá viajar! Filho toma tempo! E por aí vai. Mais uma vez, é preciso desconstruir esses preconceitos ao retorno profissional, e por isso o processo de coaching é tão importante nessa situação. Essas mulheres não podem aceitar qualquer oferta de trabalho, precisam acreditar nelas mesmas e seguir os passos com opções e planos que garantam o sucesso nessa retomada, que será plena e feliz”, reforça a especialista em Carreira.

Ana Carolina, depois de ser demitida em outubro de 2017, tentou reencontrar o seu caminho no mercado, mas não obteve êxito. “Vi que precisava de ajuda e não hesitei”, reforça Ana. “Precisava me reformular, o processo trabalhou as questões pessoais que interferiam, e a forma como a coach colocou me fez pensar diferente. Temos de saber nos posicionar para o que se quer a curto, médio e longo prazo. Hoje, posso dizer que estou bem mais fortalecida; sei o que eu quero, e não é em qualquer empresa que aceitarei trabalhar. Quero fazer o que gosto, usar minhas aptidões, fazer bem feito, dando o melhor de mim, pelo mérito e pela valorização que mereço. Essa mudança que eu passei não foi pontual, o coach foi essencial”, conclui Ana.

“Tenho atendido dezenas de pessoas, até de 60 anos, que se reinventaram e conseguiram o que queriam. Não é um processo fácil, é preciso desconstruir, ressignificar, formar novas perspectivas e jogar em uma lixeira todos os ‘conceitos’ e ‘verdades’. Não espere ‘os amanhãs’, comece hoje a reencontrar a sua razão de ser”, orienta a especialista. Dra. Daniella Forster desenvolveu a MindMentoring, uma abordagem que gera reflexão profunda, ensina como acionar a mente e conectar a consciência para o momento presente, tendo como tema de análise a carreira profissional. “O estímulo principal é o autoconhecimento, e refletir, a partir de sua vida, e entender o seu papel e o que se quer para o futuro é a chave do sucesso para uma existência com qualidade”, recomenda.

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