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Por que não temos um sono saudável?

A apneia atinge milhões de brasileiros que sofrem com este distúrbio e muitas vezes nem sabem

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Colesterol, pressão alta, diabetes, obesidade, problemas cardíacos e estresse são algumas das doenças mais frequentes nos dias de hoje. E justamente por termos uma rotina tão agitada e desregrada, é que precisaríamos de uma noite de sono recuperadora. Porém, não a temos. A falta de sono e seus desequilíbrios são o que desencadeiam ainda mais esses problemas e outros que estão por vir. Depressão, dor de cabeça, ansiedade, irritabilidade, falta de concentração, problema de memória e sonolência diurna, são algumas das consequências que milhares de pessoas estão vivendo, sem perceber, pois já estão acostumadas com uma noite mal dormida.

Hoje, um dos distúrbios mais relacionados ao sono é a apneia. A neurofisiologista Dra. Olga Judith Hernandez Fustes explica que “a apneia é um bloqueio da passagem de ar pela via aérea superior por pelo menos 10 segundos, nos quais a pessoa para de respirar. Como os pulmões não recebem o ar, o cérebro envia uma mensagem ativando os músculos da garganta e desbloqueando a passagem de ar. Como um alto suspiro, a respiração começa novamente”. Ela relata que esse processo pode se repetir várias vezes durante o sono superficial e fragmentado, estando muito relacionado ao ronco. “Mesmo não se recordando de ter acordado várias vezes à noite, a pessoa se sente cansada durante o dia”. Estimativas apontam que aproximadamente 80% das pessoas que sofrem de apneia não sabem que possuem esse problema. Isso porque o indivíduo nem sempre chega a acordar.

Segundo a Dra. Olga, é só após realizar vários exames, entre eles a polissonografia, que é possível tratar a apneia. Cada caso é estudado de maneira individual e o tratamento é recomendado dependendo do estágio e do tipo da apneia que o paciente possui. “Há quatro formas de tratamento, a cirurgia é indicada para pessoas que apresentam alterações anatômicas nas vias respiratórias. O CPAP, uma miniturbina que gira a uma rotação pré-determinada, leva o ar à laringe, utilizando uma máscara de silicone sobre o nariz, é indicado para casos mais severos. O aparelho intraoral, que melhora a ventilação e facilita a respiração, recomendado para os casos moderados e o tratamento feito por fonoaudiólogos que atuam no fortalecimento dos músculos da região, ensinando o paciente a respirar e mastigar melhor”, explica a doutora.

 

Outros distúrbios relacionados ao sono

Está enganado quem pensa que dormir muito é sinal de qualidade. Pelo contrário, o importante é dormir bem. Uma noite só não nos revitaliza, é preciso dormir bem todos os dias. Isso porque é durante o sono que produzimos hormônios, as células de defesa estão mais atuantes no organismo e a mente descansa para estar pronta para um novo dia.

“Problemas com o humor também são comuns para quem dorme mal e a obesidade é uma das consequências, pois é dormindo que produzimos vários hormônios relacionados com a digestão e a sensação de saciedade. Até o AVC pode ser causado em consequência de noites mal dormidas. Claro que devemos levar em consideração os fatores genéticos, mas ter um sono tranquilo evita várias doenças”, explica Dra. Olga. Não subestime seu sono, durma o suficiente e com qualidade. Sua saúde agradece.

 

Polissonografia

Um dos exames mais completos para se diagnosticar a apneia e diversos outros distúrbios do sono, como o bruxismo, a síndrome das pernas inquietas e o sonambulismo, é a polissonografia. O exame consiste em colocar no paciente mais sensores – parecidos com aqueles dos eletrocardiogramas – durante toda a noite, ou no período que o indivíduo normalmente dorme, sempre de sete a oito horas. “O paciente passa a noite na clínica e o exame escaneia todas as atividades neurológicas dele enquanto dorme. Assim, com o problema identificado, começamos o tratamento associando novas recomendações para uma higiene do sono, uso de medicamentos e a utilização do CPAP, para que o paciente já tenha uma melhora inicial em sua qualidade do sono”, explica Dra. Olga.

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