Medicina

Câncer de Próstata – A cura parte de você

No Brasil, este tipo de câncer é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma

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Quanto maior a idade, maior o risco de um homem ser diagnosticado com câncer de próstata, cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Fazer um check-up periódico com um médico urologista é crucial para detectar a doença em seu estágio inicial. Esse acompanhamento deve ser feito a cada ano, principalmente após os 35 anos, e consiste em um simples exame clínico. O problema é que muitos homens deixam de fazer este procedimento, que é o toque retal, por sentir-se constrangidos ou até mesmo devido a um pré-conceito equivocado. Entretanto, o exame é extremamente rápido e indolor, o especialista apenas apalpa o local, e o mais importante: é o primeiro passo para a cura da doença, além de ser uma medida de prevenção.

Mais de 90% dos casos de câncer de próstata têm chance de cura se detectados ainda no começo, e o tratamento da doença não provoca, necessariamente, a disfunção erétil ou incontinência urinária nos pacientes. Na verdade, este tipo de câncer tem se tornado cada vez menos assustador aos olhos da medicina, pois além de se desenvolver mais lentamente do que a maioria dos outros tumores e ter boas chances de cura se detectado precocemente, ainda oferece eficazes opções de tratamentos nos estágios mais avançados.

“A prevenção ainda é a melhor receita para afastar o câncer de próstata, realizada por meio da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês) no sangue, associada ao toque retal, pois permite a detecção do tumor ainda em estágio precoce”, recomenda o oncologista Dr. Valdir Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC). Segundo o médico, as consultas devem começar a partir dos 35 anos para homens com maior risco (com pai ou irmão que tenham tido câncer de próstata antes dos 60 anos) e aos 50 anos para os demais. “Prevenir é fundamental, pois quando os sintomas aparecem, geralmente, a doença já está disseminada e sua cura pode ficar comprometida”, acentua.

Diagnóstico e tratamento

Identificada a doença através do exame clínico e PSA, é indicada ao paciente a ultrassonografia pélvica (ou prostática transretal), que poderá mostrar a necessidade de biópsia. Assim, o diagnóstico correto do câncer é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido da próstata, cujo resultado permite ao oncologista fazer a indicação do tratamento mais adequado a cada caso.

De acordo com Dr. Valdir Furtado, a primeira medida ao se detectar um câncer de próstata é saber se o tumor está localizado dentro ou fora da glândula. “Se ele está situado no interior da próstata, recorremos à cirurgia, à radioterapia ou à braquiterapia, que também é uma forma de radioterapia. Se o tumor está fora da próstata, recomendamos o uso de hormônio, optando ou não pela cirurgia e radioterapia”, explica. A cirurgia é feita no abdome, através de uma incisão abaixo do umbigo, pela qual a próstata é removida juntamente com o tumor. O paciente fica no hospital cerca de cinco dias e mesmo aqueles que se submetem à cirurgia radical têm hoje uma recuperação bastante satisfatória.

Já a radioterapia, que é um tipo de irradiação aplicada externamente, é realizada através de múltiplas aplicações, uma por dia, sobre a região da próstata. Trata-se de um tratamento prolongado que se estende por seis ou sete semanas, porém, um pouco mais simples do que a cirurgia, já que não envolve anestesia e internação. A terceira técnica é a braquiterapia, que consiste na colocação de agulhas na próstata do paciente, sob leve anestesia, através das quais são inseridas partículas radioativas dentro da glândula. “A cirurgia é um tratamento mais invasivo, pois exige corte, embora atualmente possa se fazer essa cirurgia através da videoendoscopia, sem cortes e menos agressiva ao paciente, permitindo uma recuperação mais rápida”, esclarece o especialista.

Nos casos mais avançados, a eficiência da cirurgia é sempre maior do que a radioterapia externa e a braquiterapia, porque cura mais do que as outras. Entretanto, segundo o médico, o paciente pode apresentar incontinência urinária e impotência sexual após o tratamento com qualquer uma das técnicas. “Porém, não vale como regra para todos os pacientes”, acrescenta.

Entendendo o câncer de próstata

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza logo abaixo da bexiga. É um órgão muito pequeno, em forma de maçã, que é responsável pela produção de 70% do líquido seminal (esperma). As doenças mais comuns que atingem a próstata são a hipertrofia benigna (aumento do tamanho da glândula), a prostatite (inflamação) e o câncer. No caso da neoplasia, alguns dos tumores podem crescer rapidamente, espalhando-se para outros órgãos e podendo ser fatal. No entanto, a maioria cresce de forma tão lenta que não chega a dar sinais durante a vida e nem a causar danos à saúde do homem.

O problema é que em sua fase inicial, o câncer de próstata tem evolução silenciosa. Desta forma, muitos pacientes não apresentam sintomas ou, quando apresentam, eles confundem-se aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Já na fase avançada, o paciente pode sentir dor, sintomas urinários ou, em casos mais graves, infecção generalizada ou insuficiência renal.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil e no mundo, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma) e, somente neste ano de 2012, estimam-se mais de 60 mil novos casos da doença. O único fator de risco determinante para o desenvolvimento do câncer de próstata é a idade, uma vez que 62% dos casos de câncer de próstata diagnosticados no mundo acometem homens com 65 anos ou mais. Conforme o Inca, com o crescimento da expectativa de vida mundial, é esperado que o número de casos novos aumente cerca de 60% até o ano de 2015.

O cardiologista e professor aposentado da UFPR, Dr. Ary Jompolsky, de 81 anos, foi diagnosticado com câncer de próstata sem apresentar sintomas e sendo adepto do controle periódico com seu médico urologista. “No meu caso, a doença foi assintomática, pois embora a próstata apresentasse o dobro do tamanho normal (fabricava mais hormônio do que deveria), não apresentava sinais de problemas neoplásicos. Somente mais tarde, em que foi constatada a presença de nódulo prostático, que a biópsia confirmou a doença”, relata. Foi quando o paciente passou a apresentar também um fluxo urinário mais fraco e depressão.

“Quando recebi o diagnóstico, o mundo caiu sobre a minha cabeça, mas os avanços da medicina permitem hoje tratamentos muito eficazes, como a radioterapia (com tecnologia avançada) e a hormonoterapia (injeções no abdome), que resolveram o meu problema após 38 aplicações”, ressalta o médico. “O câncer de próstata não é mais um bicho papão e agradeço à medicina por não ter sentido nada durante o tratamento e, principalmente, por estar hoje recuperado, levando uma vida normal, comemora.

Medidas preventivas evitam a doença

Além de exames periódicos, algumas medidas podem ajudar a evitar o câncer de um modo geral. Já está comprovado que uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer e de outras doenças crônicas. Alguns hábitos saudáveis, como praticar uma atividade física regular, não fumar e não consumir álcool, também são recomendados.

“Dietas ricas em gordura animal, carne vermelha, embutidos e cálcio, têm sido associadas ao aumento no risco de desenvolver o câncer de próstata. Além disso, também contribuem para a obesidade e neoplasias de comportamento mais agressivo”, acentua o oncologista. Por outro lado, as pesquisas mostram que dietas com base em vegetais, vitaminas D e E, licopeno e Ômega-3 funcionam como agentes protetores para o não aparecimento do câncer.

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