Bem Estar

Obstinação, atributo do bem ou doença?

Os traumas vividos por Carminha e Nina na novela Avenida Brasil justificam as loucuras cometidas pelas duas personagens para alcançar seus objetivos?

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As loucuras vividas e causadas por Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) prendem os olhares do público na tela, registrando grandes índices de audiência na novela das 21 horas da Rede Globo, Avenida Brasil. Mas o que será que leva essas duas mulheres a passarem por cima de tudo e de todos para conseguir aquilo que tanto almejam?

Para a psicóloga especialista em traumas, Deuza Avellar, as experiências negativas vividas por Carminha na infância não justificam seu atos. Ela tem perfil sociopata (pessoa que despreza obrigações sociais, é egocêntrica, manipuladora, tem ausência de empatia….). “Manifesta distúrbio de conduta na área do caráter, quer se dar bem a qualquer preço”. Já, Nina, devido a traumas passados, que geraram nela sentimentos destrutivos, como raiva, ódio, mágoa e sede de vingança, é movida pela Obstinação.

E aí, cabe outra pergunta: Essa é uma característica positiva ou negativa? Afinal, a obstinação é boa ou ruim?

Segundo Deuza Avellar, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a obstinação não é positiva. “É uma doença que cega e torna a pessoa incapaz de perceber que está indo na direção de um precipício e até mesmo da autodestruição.

Ela explica que Obstinação é diferente de Determinação. “As bases destes comportamentos são diferentes. A determinação tem a ver com o desejo de conquistar, melhorar na vida, construir, aprender, fazer. A determinação é algo que me move na vida para o bem. O meu e quem sabe de outros. Na obstinação os fins justificam os meios [sejam eles bons ou ruins]. Admiramos uma pessoa determinada, mas, da obstinada temos medo.”

A vingança

Quando a obstinação é movida pela sede de vingança, existe aí um outro agravante, para o próprio obstinado. Muitas pessoas, assim como na ficção, vivem a vida de quem o magoou, de quem o feriu e deixam de viver sua própria vida. “A própria Nina, por exemplo, deixa de viver um amor lindo com o Jorginho (Cauã Reymond) para poder se vingar da Carminha. O foco dela é a vida da outra pessoa.”

Porém, a destruição e o mal que desejo e faço para os outros, antes de acertar meu alvo passa pela minha vida.”

A psicóloga também esclarece que quando uma experiência traumática fica bloqueada no sistema nervoso, a imagem original do que causou o trauma atormenta a pessoa no presente e por isso ela pode desenvolver um padrão de comportamento disfuncional. Isso porque, o psicotrauma gerado com a situação afeta e compromete a maneira desta pessoa ver, perceber, sentir, agir e reagir às circunstâncias da vida.

Mas, o que fazer então para se libertar do trauma, da doença e sentimentos negativos?

Entre as ferramentas que a psicologia oferece para superar esse tipo de problema, Deuza destaca o EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por meio de movimentos oculares). Para ela, a terapia de reprocessamento é, “hoje, a de maior eficácia na cura das experiências traumáticas, através de estimulação bilateral dos hemisférios cerebrais.”

Nesse tipo de terapia os estímulos bilaterais desbloqueiam o sistema nervoso permitindo que o cérebro reprocesse a memória bloqueada. “Isto permite que o trauma seja percebido, finalmente, como passado, se viver melhor o presente, e planejar de forma funcional e adaptativa o futuro.”

Ocorre que para chegar até aqui, a este e outros tratamentos psicológicos, em primeiro lugar a pessoa que sofre em consequência de trauma e no caso específico, de Obstinação, precisa querer se curar, e aceitar a ajuda. “Quando alguém está obstinado, não escuta a ninguém. A pessoa acredita que está certa e somente enxerga e ouvi aquilo que está dentro de seu alvo de obstinação. Por isso, é tão difícil fazê-la parar com a vingança, ou com uma luta que, simplesmente, não lhe trará resultados positivos, mudar seu foco e tirá-la desse ciclo vicioso e destrutivo.”

Mas, segundo a psicóloga, pode ocorrer do obstinado cansar de sofrer, e chegar à exaustão. “Por isso, estar atento aos fatos e às atitudes da pessoa é fundamental para oferecer o socorro no momento em que o pedido de ajuda acontecer.”
E você? Se identifica ou conhece alguém com o perfil de alguma das personagens?

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  • Max disse:

    Não justifica !