Medicina

Joelhos sadios: a escolha é sua!

Técnica cirúrgica minimamente invasiva permite o tratamento das lesões do joelho de forma rápida, segura e sem dor

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O joelho, maior articulação do corpo humano, está sujeito a lesões porque é o centro de uma alavanca que, além de transmitir as forças geradas pelos músculos ao seu redor, suporta também o peso do nosso corpo. Quem já não sentiu algum incômodo ou mesmo dor nos joelhos durante uma corrida, andando de bicicleta, praticando algum esporte ou durante um exercício físico? Os joelhos nem sempre são tratados de forma adequada pelos seus donos e a maioria das pessoas diz que, em algum momento de sua vida, já teve alguma dor neles.

Ao contrário do que muitos pensam, não é normal o joelho doer no dia a dia. Também não é normal que ele inche, apresente crepitações, estalidos fortes ou que a pessoa tenha a sensação de “falseios”, como se alguma coisa “saísse do lugar” ao mexer o joelho. Por isso, se você perceber um destes sinais, não deixe para depois e consulte um especialista. A sua articulação pode estar em perigo!

“Esses sinais, isolados ou em conjunto, muitas vezes negligenciados pela maioria das pessoas, podem indicar a presença de uma patologia que, quando diagnosticada e tratada precocemente, pode evitar transtornos no futuro. Um exemplo típico é a artrose dos joelhos”, explica o Dr. Adriano Karpstein, especialista em Ortopedia-Traumatologia e Medicina Esportiva, cirurgião dos hospitais Vita e Marcelino Champagnat, em Curitiba. “A artrose, por exemplo, que é o desgaste da cartilagem que reveste a articulação, quando identificada e tratada no início, evita grandes incômodos anos depois”, ensina o especialista.

Muitas patologias do joelho – como lesões dos meniscos, ligamentos e cartilagem – precisam de tratamento cirúrgico. Mas, felizmente, a maioria das cirurgias pode ser feita hoje por artroscopia, que é uma técnica cirúrgica moderna e minimamente invasiva que consiste em abordar o interior da articulação através de incisões muito pequenas e instrumentos cirúrgicos especiais. O método é praticamente indolor e propicia uma recuperação mais rápida do paciente. “O joelho é a articulação na qual é realizada a maioria das cirurgias artroscópicas”, explica o Dr. Adriano.

Foi essa cirurgia que permitiu ao representante comercial Jildo Begale Tardiole, de 67 anos, que há mais de 30 anos sentia dores no joelho direito devido a uma entorse sofrida durante uma partida de futebol, continuar praticando atividades físicas. “Sempre gostei de corridas e de participar de maratonas, tanto que continuei correndo por mais de 25 anos depois da minha primeira lesão. Com o tempo, o desgaste na cartilagem exigiu a cirurgia. Não senti nada, minha recuperação foi rápida e depois de um mês voltei ao pique”, comemora o atleta, que  hoje pedala de 15 a 20 km, cinco vezes por semana. “Minha saúde está 100% e meus joelhos estão ótimos”, acrescenta.

Entendendo a artroscopia

O procedimento tem a duração de poucos minutos. São feitas duas mini-incisões (orifícios), uma em cada lado do joelho, não maiores do que 5 mm cada. Por um desses orifícios o médico introduz o artroscópio, um instrumento óptico que é acoplado a uma câmera e que transmite as imagens de dentro da articulação, ampliadas e em altíssima definição, para um monitor de vídeo. Pelo outro orifício são inseridos os instrumentos cirúrgicos artroscópicos, que permitem ao cirurgião testar as estruturas articulares, colher fragmentos de tecidos para biópsias, remover corpos livres, identificar lesões e tratá-las. “A artroscopia serve, portanto, para diagnosticar e também tratar as patologias intra-articulares”, esclarece o especialista.

As vantagens dessa moderna técnica para os pacientes são enormes: procedimento rápido, pouca ou quase nenhuma dor, pouquíssimo tempo de internação, cicatrizes quase imperceptíveis, rápida recuperação e, consequentemente, rápido retorno às atividades rotineiras e esportivas. Na grande maioria dos casos, sequer é necessário imobilizar o joelho depois da cirurgia.  “A recuperação de uma cirurgia artroscópica costuma ser muito mais rápida, quando comparada com as técnicas convencionais. As cicatrizes, de tão pequenas, costumam desaparecer com o tempo”, acentua Dr. Karpstein. “A técnica artroscópica já existe há alguns anos. O que temos hoje de diferente é que os instrumentos de última geração são muito menores, de extrema precisão e com grande gama de funções que não existiam antes. Os resultados cirúrgicos hoje são muito melhores do que eram há alguns anos, quando a técnica começou, e o avanço constante nas novas tecnologias faz com que as coisas melhorem cada vez mais e com grande rapidez”, ensina o Dr. Adriano, “o que exige atualização constante do cirurgião”.

Atenção e prevenção

Segundo o ortopedista, todas as pessoas devem fazer atividades físicas para manter a boa saúde, sempre orientadas por profissionais da área. “Entretanto, se perceber algum desconforto ou qualquer sintoma no joelho, procure um médico ortopedista especialista em joelhos ou em traumatologia esportiva, para que se  tenha uma avaliação mais detalhada. Assim, você preserva suas articulações e evita transtornos mais graves no futuro”, alerta. Para os pacientes que eventualmente precisarem de tratamento cirúrgico, o Dr. Adriano Karpstein recomenda que procurem médicos especialistas e que escolham sempre um bom hospital, com estrutura adequada e equipamentos de última geração. A segurança do paciente e o bom resultado da cirurgia dependem muito da observação desses fatores”.

“Poucos meses depois da minha artroscopia, e com apenas um mês de treino, ganhei um torneio de golfe na minha categoria”, conta a pedagoga Gilka Mereb Calixto Feres, de 60 anos. Ela sofria de inchaço e dor nos joelhos e foi diagnosticada com lesão de menisco e de cartilagem, sendo submetida à cirurgia em maio de 2012. “Minha recuperação exigiu alguns cuidados, como usar muletas por poucos dias e fazer algumas sessões de hidroterapia e fisioterapia, mas o resultado compensou muito. Além de praticar golfe duas vezes por semana, sou diretora de uma organização não governamental que cuida de 100 crianças, então subo e desço escadas várias vezes ao dia e faço muitas atividades, o que requer joelhos sadios”, salienta. “Além disso, depois da artroscopia pude brincar de ‘cavalinho’ com os meus netos”, completa com humor.

Queixas mais comuns e principais indicações

Nas mulheres, as reclamações mais comuns são de dores relacionadas às atividades diárias ou à prática de exercícios. Nos homens, as queixas normalmente se devem a lesões ocorridas durante a prática de esportes, principalmente futebol. As crianças também podem se queixar de dores nos joelhos, antigamente chamadas de “dores do crescimento”.

Os joelhos podem ser acometidos por desgaste da cartilagem, doenças inflamatórias e, mais raramente, por lesões tumorais. Artrose é o desgaste da cartilagem que pode ocorrer devido ao uso incorreto da articulação, como quando fazemos exercícios errados; por lesões como contusões ou entorses; por doenças inflamatórias como, por exemplo, alguns tipos de reumatismo; e também por alterações anatômicas, como nos casos de pacientes que têm as patelas inclinadas excessivamente para fora.

Outras estruturas internas dos joelhos também podem sofrer lesões. Os meniscos são frequentemente lesionados. Da mesma forma, os ligamentos do joelho podem ser estirados ou até rompidos quando, por exemplo, o paciente sofre uma entorse da articulação e rompe o ligamento cruzado anterior. “Algumas dessas lesões podem ser tratadas conservadoramente, com cuidados específicos, medicamentos e fisioterapia. Outras, no entanto, precisam ser tratadas com cirurgia. Tudo vai depender do diagnóstico correto e da indicação adequada a cada caso”, reforça Dr. Karpstein.

Mais qualidade de vida

Há sete anos apresentando inchaço e dor no joelho, o técnico em óptica Carlos Antonio Casagrande, de 35 anos, reconquistou sua qualidade de vida depois da artroscopia. “Não conseguia mais caminhar em locais irregulares, nem subir e descer escadas, pois sentia dor. Já tinha feito umas sete punções no joelho, mas sem resultado. Somente depois da cirurgia voltei a ter vida normal”, relata o paciente, que apresentava lesão do ligamento cruzado anterior, ruptura de menisco e uma pequena lesão de cartilagem no joelho direito devido à prática de futebol. “Passados cinco dias da artroscopia eu já estava dirigindo e depois de 10 dias já estava trabalhando normalmente. Foi surpreendente. Já estou pensando em começar a correr ou nadar”, completa Carlos, que tinha sido operado há apenas 20 dias quando deu este depoimento.

O mesmo êxito obteve a professora Elcy Mary Bordignon Carvalho, de 55 anos. “Há 20 anos fiz uma cirurgia por romper o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo num movimento brusco dentro do avião. Porém, em 2012, na praia, uma onda me tirou do prumo e rompi novamente o mesmo ligamento, voltando a ter dor e falseios. Felizmente, fiz a escolha certa: fazer novamente a cirurgia do ligamento, mas desta vez com a técnica artroscópica atual. Estou muito satisfeita com o resultado”, ressalta. “A minha recuperação foi muito rápida. Em poucos dias já nem dava para perceber que eu tinha feito uma cirurgia no joelho. Os cuidados e a atenção dispensada pelo cirurgião e toda sua equipe também fizeram toda a diferença e me ajudaram muito na minha recuperação”, conclui.

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