Cardiologia

A nova Cardiologia

Avanços tecnológicos e técnicas cirúrgicas minimamente invasivas estão cada vez mais ao alcance da população

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É provável que, antes mesmo de você terminar de ler esse texto, alguém tenha morrido de infarto no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o infarto agudo do miocárdio atinge mais de 300 mil brasileiros por ano e é a causa da morte de uma pessoa a cada cinco minutos no país, totalizando quase 80 mil pessoas por ano.

Mas, se o número de vítimas cresceu, os avanços tecnológicos e recursos na área são ainda mais impactantes. A medicina tem evoluído muito, e a cardiologia, especificamente, tem se reinventado nas últimas duas décadas, seja na área farmacológica, preventiva, exames de imagem, técnicas e materiais empregados ou em novas descobertas científicas. Avanços múltiplos, com um só objetivo: salvar vidas. “Hoje salvamos mais vidas do que nunca”, ressalta o cardiologista Dr. Rubens Zenobio Darwich, que integra a equipe da Intervcard, em Curitiba.

De acordo com o especialista, desde o surgimento do cateterismo para desobstrução de artérias (angioplastia), reduziu-se drasticamente o número de cirurgias abertas. Passou-se a utilizar os stents para a recuperação das artérias comprometidas, obstruídas por placas de gordura (ateroma), o que mudou todo o cenário da medicina, o tratamento das doenças coronarianas (ou seja, das artérias que nutrem o coração) e, inclusive, o aperfeiçoamento dos cardiologistas brasileiros.

 

Stent e stent bioabsorvível

Os stents são minúsculas próteses metálicas, como um tubo formado por uma rede, introduzidos via cateterismo. Uma vez colocados, mantêm os vasos comprometidos abertos mecanicamente, desobstruindo as artérias, normalizando o fluxo sanguíneo e minimizando riscos aos pacientes.

Até bem pouco tempo atrás, existiam dois tipos de stent: o farmacológico, que libera uma medicação para evitar a reobstrução das artérias coronárias; e o convencional, que não usa medicamento. Cada um tem a sua devida indicação clínica. Após um grande estudo clínico, envolvendo 26 países, incluindo o Brasil, e diversos centros de referência em pesquisa cardiológica, hoje já está disponível, e aprovado pela Anvisa, o stent bioabsorvível.

Para o cardiologista Dr. Luiz Augusto Lavalle, responsável pela área intervencionista da Intervcard, “a realização das primeiras cirurgias com o stent bioabsorvível é um marco para a Cardiologia, porque esse novo dispositivo é feito de um tipo especial de polímero, uma espécie de plástico que, após a implantação, começa a ser absorvido pelo organismo e, depois de dois anos, quando os vasos já estão desobstruídos e restaurados, desaparece completamente”.

Além de um importante avanço na cardiologia, o procedimento também é uma notícia muito boa para tantas pessoas que sofrem com obstruções das artérias coronárias. O melhor é que já está sendo realizado nos principais hospitais de referência do Brasil e do Paraná.

Dr. Rubens ressalta ainda que os estudos na área cardiológica buscam técnicas cada vez menos invasivas para tratar doenças obstrutivas, com inúmeras possibilidades terapêuticas. Mas, em se tratando de prevenir problemas com o coração, o mais importante ainda é se conscientizar. Quem fuma, não pratica uma dieta equilibrada (consumindo gorduras e açúcar em excesso), é estressado, está acima do peso e/ou é sedentário, independentemente da faixa etária, está colocando a vida em risco. A prevenção, sem nenhuma dúvida, ainda é a melhor atitude a tomar.

 

Denervação renal

Luciane Aparecida Tomé Moraes tinha apenas 21 anos quando, durante a complicada gestação de sua segunda filha, descobriu que sofria de hipertensão. A doença a impediu de ver o momento tão esperado: “Quando ela nasceu, eu tinha desmaiado por causa da alteração da pressão arterial”, conta a zeladora de 42 anos.

Desde então, foram 21 anos de tratamento baseado em uma dieta baixa em sódio, associada a várias drogas anti-hipertensivas para livrar-se do mal, mas nada disso tinha uma resposta definitiva. Sua pressão em repouso não baixava de 20×14 e, em função disso, nem mesmo trabalhar ela podia.

O maior agravante era a herança genética. A mãe de Luciane faleceu aos 57 anos, assim como seus dois tios, todos vítimas do mesmo mal. Razão suficiente para temer o futuro e provocar sustos quando, por algum evento específico, a pressão, que já era costumeiramente alta, alcançava picos de até 28×16.

Após várias tentativas frustradas de controle da hipertensão, Luciane foi uma das primeiras pacientes de Curitiba a realizar a denervação renal – uma técnica minimamente invasiva realizada através de uma pequena incisão por onde se introduz um cateter, por via arterial, e então um processo de radiofrequência inativa filetes nervosos na artéria renal. Esse mecanismo causa um bloqueio na ação do sistema nervoso simpático sobre os rins, que são um dos principais responsáveis pela regulação dos níveis da pressão arterial sistêmica. “Através desse procedimento, torna-se possível o controle da pressão arterial, a diminuição do uso de medicamentos orais, bem como a diminuição dos altos riscos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio”, explica o cardiologista Dr. Anderson Henrique Peres da Costa.

A redução da pressão arterial não é imediata, acontece gradativamente. Mas Luciane, que operou há 3 meses, já apresentou resultados animadores: a pressão baixou cerca de 20% e ela continua na expectativa de que baixe cada dia mais. Por isso, segue à risca o tratamento e continua com acompanhamento médico.

De acordo com o especialista, todas as cirurgias dessa técnica foram consideradas bem-sucedidas e os resultados apresentados são muito promissores. Países como a Austrália e Estados Unidos já comprovaram excelentes resultados com o procedimento. Em Curitiba, além de Luciane, outros pacientes já foram submetidos à técnica e outros oito pacientes já estão se preparando para passar pela denervação renal com a equipe da Intervcard.

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