Avanços da Medicina

A internet a serviço da mulher na cura de doenças

As informações propagadas pela era digital têm ajudado o público feminino a escolher tratamentos menos invasivos e que evitam a mutilação

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A dona de casa Benedita Borges descobriu que tinha um mioma no útero há 22 anos, durante a sua segunda gravidez. Porém, conviveu com o problema durante todo esse tempo sem maiores danos. Foi na gestação do seu filho caçula, hoje com 16 anos, que a situação começou a se agravar. “De cinco anos pra cá, além da anemia profunda e das dores terríveis, o mioma começou a crescer. Procurei vários profissionais e todos indicaram a retirada do útero”, conta Benedita.

Jovens ou adultas, com ou sem filhos, muitas mulheres se deparam com o drama de perder o órgão que representa a feminilidade. Por ano, cerca de 300 mil mulheres no Brasil perdem o útero. Dessas, 200 mil por causa de miomas. Estima-se que 50% das mulheres até os 50 anos apresentarão miomas em algum momento de sua vida. Muitas se assustam quando recebem um diagnóstico com essa patologia, pois imaginam a chegada de um tumor maligno.

Entretanto, não há motivo para tal preocupação. Mioma não é câncer. Mas, dependendo da sua localização, tamanho e quantidade, pode ocasionar problemas, incluindo dor e sangramentos intensos. A maioria das mulheres com miomas no útero jamais teve qualquer sintoma. Às vezes eles são descobertos em exames de rotina, em outros casos o diagnóstico pode ser suspeitado devido ao aumento do tamanho do abdome, que pode levar a mulher a pensar que apenas engordou um pouco ou até que está grávida.

Até pouco tempo, o únicos procedimentos usados para tratar os miomas uterinos eram a retirada parcial ou total do útero e a miometctomia. Além do risco cirúrgico e de uma recuperação longa, a autoestima dessas mulheres  baixava muito. Agora, os tempos são outros. O perfil da mulher mudou. Elas são economicamente ativas, muitas são provedoras de seus lares, além, é claro, de desempenharem múltiplos papéis: trabalham, estudam, são mães e donas de casa e estão antenadas com as novas tecnologias

A internet tem sido uma verdadeira aliada dessa mulher atarefada. Detalhista por natureza e ligada nas informações difundidas pela era digital, elas não aceitam mais uma única opinião. “Como não acreditava no fato de perder meu útero, resolvi pesquisar na internet outra possibilidade. Foi então que conheci a embolização uterina. Depois de esclarecer as dúvidas, Dr. Corvello pediu uma série de exames. Fiz a embolização em fevereiro de 2010. Não senti nenhuma dor, a recuperação foi muito rápida”, esclarece Benedita.

Experiências relatadas e compartilhadas

Elas pesquisam tratamentos alternativos, compartilham opiniões com mulheres que enfrentaram os mesmos problemas e até criam comunidades em redes sociais contando suas experiências. Dr. Alexander Ramajo Corvello, radiologista intervencionista do Instituto de Radiologia Intervencionista (Inrad/Endorad), afirma que a troca de experiências nas redes sociais é de grande ajuda para qualquer paciente, pois a velocidade com que as informações são trocadas faz com que outros pacientes tomem conhecimento de todas as formas disponíveis de tratamento, inclusive para os miomas. “Quando elas chegam ao consultório já têm conhecimento das possíveis formas de tratamento. A medicina de hoje é multidisciplinar, ela disponibiliza técnicas avançadas e seguras para tratamentos menos invasivos”, afirma Dr. Corvello.

Foi o que aconteceu com a servidora pública Rosane Peçanha, de 41 anos, que através de um exame de rotina recebeu diagnóstico de mioma no útero. Como era assintomático, a prescrição médica foi que houvesse um acompanhamento periódico. “Cinco anos se passaram e sintomas como pressão na bexiga e volume no abdome surgiram. O profissional que me acompanhava disse que somente a histerectomia poderia resolver meu problema. Não conseguia aceitar, queria uma segunda opinião. Apesar de já ter meus filhos não queria perder um órgão tão importante para a feminilidade da mulher. Foi por meio de pesquisa na internet que tomei conhecimento da embolização uterina, precisava encontrar tratamentos que preservassem meu útero”, esclarece Rosane.

A embolização uterina usada há 11 anos com sucesso, tem mostrando resultados positivos na melhora dos sintomas, além de devolver a qualidade de vida às mulheres. A dona de casa Benedita passou por uma segunda embolização em outubro de 2010, após diagnóstico de um segundo mioma. “Hoje estou ótima, as fortes cólicas e os sangramentos intensos desapareceram, minha anemia está em níveis normais, o primeiro mioma sumiu e o segundo diminui a cada dia. Recomendo sempre que as mulheres busquem uma segunda, terceira ou até uma quarta opinião.”, aconselha Benedita.

De acordo com Dr. Corvello, controlar os sintomas e garantir o bem-estar da mulher  são benefícios imediatos da embolização. Rosane também optou pelo procedimento que foi realizado em fevereiro deste ano. “Hoje me sinto muito bem. Voltei a viver com qualidade e preservei meu útero”.

 

Entenda como funciona a embolização uterina

Utilizada também para tratar mioma pela primeira vez em 1995, a embolização uterina é uma técnica não-cirúrgica que dura em média uma hora. O procedimento é minimamente invasivo e não causa maiores agressões ao organismo, pois não precisa de pontos e requer somente uma pequena incisão na pele feita com anestesia local. Após injetar um anestésico, o médico faz um corte de aproximadamente dois milímetros na pele na região da virilha, por onde introduz um cateter na artéria que passa por debaixo da pele. Este cateter é direcionado por dentro das artérias que se visualizam com a utilização de um equipamento computadorizado de raios “X” que permite ao especialista enxergar através dos tecidos. Assim, o cateter é conduzido pelas artérias até alcançar as artérias uterinas que levam sangue ao útero.

Nesta posição, são injetadas micropartículas por dentro do cateter até entupir estas artérias. Desta forma, o sangue não nutre mais os miomas, que param de crescer. Muitos até somem. Quando o procedimento termina, simplesmente se retira o cateter e comprime o furinho na virilha. Não é necessário dar pontos e, portanto, o procedimento não deixa qualquer cicatriz. A embolização uterina geralmente demanda de um a dois dias de hospitalização. A recuperação é muito rápida e possibilita que as mulheres retornem para as suas atividades em quatro dias após a cirurgia.

A técnica é realizada pelo especialista em radiologista intervencionista, que monitora a paciente durante todo o procedimento usando modernos equipamentos de alta resolução.

A embolização também trata casos de tumor benigno ou maligno no rim ou fígado, tratamentos de aneurismas do cérebro, das vísceras e de más formações das artérias e veias. Os efeitos provocados pela embolização são permanentes, o que raramente torna necessário algum procedimento terapêutico adicional. Dr. Corvello ressalta que a embolização uterina atua em conjuto com o tratamento clínico e cirúrgico e para dar resultado deve ser bem  indicada para cada paciente.

 

Fique atenta aos seguintes sintomas:

• Períodos menstruais intensos e prolongados, além de sangramentos mensais atípicos, às vezes com coágulos, e que com alguma frequência podem levar à anemia;
• Distensão abdominal com sensação de peso ou pressão na pelve;
• Dor pélvica, abdominal, nas costas ou nas pernas e dor
durante as relações sexuais;
• Sensação de pressão na bexiga com vontade constante de urinar;
• Algumas mulheres também relatam a dificuldade para evacuar, o que pode acontecer por compressão do útero miomatoso sobre o reto, que limita a passagem de fezes.

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