Medicina

Ombros livres da tendinite

Ao contrário do que se imagina, tendinite e bursite têm cura

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O ombro dói, incomoda e, por vezes, até limita os movimentos. O diagnóstico aponta: tendinite ou bursite. O paciente logo gela, pensando que o problema é incurável e que terá que conviver com ele pelo resto da vida. Mas esse mito caiu por terra. É o que enfatiza o ortopedista Dr. Diogo Bader, que atua especificamente no ombro. “Dizer que essas doenças não têm cura não é verdade. O que acontecia antigamente é que não se sabia a causa delas e o que se estava tratando. Então, tratava-se apenas a dor com fisioterapia e anti-inflamatórios”, aponta.

Segundo ele, a bursite não é exatamente uma doença, mas consequência de alguma disfunção ou problema no ombro. “A bursa inflama com qualquer alteração que aconteça no ombro, então é preciso procurar o que está provocando essa inflamação. É preciso procurar a causa para chegar ao tratamento ideal”, reforça. Segundo ele, com a melhora no diagnóstico, o tratamento leva à cura 90% dos pacientes que chegam à clínica. “Usamos recursos como ressonância magnética, raios-X e ultrassom e conseguimos chegar à causa e indicar o tratamento mais eficaz”, sintetiza.

Já a tendinite é causada por uma degeneração do tendão, que por vezes chega a se romper. “Uma das causas para isso acontecer é biológica, com o envelhecimento do tendão. Isso pode ocorrer por fatores genéticos, idade ou por uso excessivo dos ombros. O tendão vai inflamando com esse uso e, a cada vez que isso acontece, forma-se uma cicatriz no local. Em médio e longo prazo, essas cicatrizes vão evoluindo para a ruptura do tendão, que acontece por volta dos 60 anos de idade”, explica Bader.

Quando o problema é diagnosticado no início, o tratamento pode ser apenas fisioterapia combinada com alongamento e fortalecimento muscular. Medicamentos também podem ser utilizados. Para casos mais avançados, é preciso recorrer à cirurgia, que também tem novidades. “Hoje operamos por vídeo (artroscopia). Os benefícios são amplos quando comparados à cirurgia aberta. A cirurgia do ombro evoluiu muito, começando pela anestesia, que hoje fazemos por ultrassom, diminuindo a dor no pós-operatório e acelerando a recuperação”, detalha o ortopedista. Além disso, o avanço da técnica reduziu o uso de medicamentos.

Segundo Dr. Diogo, ao operar por vídeo é possível ainda encontrar lesões que não eram visíveis nos exames de imagem nem durante a cirurgia convencional. “Colocamos as câmeras em vários pontos do ombro e por vezes conseguimos identificar coisas que também não eram vistas nas cirurgias abertas. O paciente pode estar com outro tendão lesionado e, com a visualização melhor das estruturas, conseguimos tratar. Dessa forma, ampliamos as possibilidades de recuperar várias patologias em um único procedimento”, completa.

A cirurgia aberta, segundo o especialista, tem outra desvantagem, referente à reabilitação. “Nela é preciso deslocar um músculo, o deltoide, que fica na parte mais lateral do braço. Com isso, o paciente tende a perder força. É uma técnica mais agressiva, que gera dor no pós-operatório e atrasa o trabalho da fisioterapia”, diz.

O especialista quebra ainda outro tabu, o de que cirurgias no ombro nunca ficam boas. “Isso também é um mito. Houve avanços, hoje temos clareza de quais casos precisam de cirurgia e quais precisam de outras técnicas. Os materiais também evoluíram, mas o principal sempre continua, que é de identificar os casos no início, precocemente”, destaca Diogo Bader.

O resultado final de um procedimento cirúrgico, segundo Bader, depende de três fatores. “Digo para os pacientes que 1/3 é responsabilidade do ortopedista, 1/3 é da fisioterapia e 1/3 é deles próprios. Eles também precisam se comprometer com o tratamento”, frisa. Na clínica Ipra, onde ele atende, o trabalho da fisioterapia é feito em conjunto com os ortopedistas. “Estabelecemos o nosso protocolo da fisioterapia. Discutimos os casos com os fisioterapeutas, explicamos o que foi feito na cirurgia, orientamos qual movimento deve ser feito e qual precisa ser evitado, tudo de forma individualizada. Dessa forma, o resultado final é mais rápido e melhor.”

 

99,5% perfeito

O guarda municipal Juliano Gilles Tavares, de 32 anos, precisou passar por uma artroscopia no ombro em 2012. Ele conta que tinha sofrido um acidente anos atrás, mas não se deu conta, na época, de que havia ficado uma lesão no ombro. “Há um ano e meio, estava na academia fazendo musculação e o tendão quase rompeu totalmente durante um dos exercícios. O ombro saiu do lugar, luxou e fui parar no pronto-socorro. Foi uma das piores dores que já senti”, recorda.

Dois dias depois do ocorrido, Juliano procurou seu ortopedista, que constatou que o tendão estava praticamente rompido. “Ele disse que precisava da cirurgia. Foi feita artroscopia e depois passei pela fisioterapia. Aliás, dois dias depois já estava fazendo fisioterapia na clínica e um mês após a cirurgia voltei para a academia, ainda que com restrições de alguns movimentos”, diz. O trabalho da fisioterapia realizado sob supervisão do ortopedista deu resultados excelentes. “Tanto que passei no teste físico da Guarda Municipal com nota máxima. Fiz barra, flexão de braço. Hoje digo que estou 99,5% igual ao que era antes da cirurgia, só não digo 100% porque pegava peso pesado na academia antes e hoje já não chego nesse peso mais”, aponta Juliano.

Ele é a prova de que quando o paciente faz a parte dele o resultado é ainda melhor. “Fazia tudo o que o médico pedia, fiz a fisioterapia sem preguiça porque queria ficar 100% recuperado. Tudo foi feito sem forçar, para que não voltasse a lesão”, explica. Hoje, a musculação voltou a fazer parte da rotina do guarda municipal. Uma atividade que faz bem à saúde do corpo e, claro, dos ombros.

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