Medicina

Técnica promissora para o controle do ceratocone

Trocar de grau com frequência pode ser sinal de ceratocone, que pode ser contido com uma técnica invadora, o crosslinking

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Um nome estranho à maioria das pessoas está bem mais presente do que se imagina: o ceratocone, doença caracterizada pelo afinamento progressivo da parte central da córnea, cuja incidência é de uma em cada duas mil pessoas. A característica da doença é a superfície corneal assumir uma forma de cone (por isso o nome), o que provoca a percepção distorcida das imagens. Seu principal sintoma é a diminuição da visão, que é geralmente associada à miopia ou ao astigmatismo. O ceratocone pode evoluir rapidamente ou levar anos para se desenvolver, como pode, em alguns casos, deixar espontaneamente de evoluir. Quando evolui, geralmente compromete de forma intensa a capacidade visual das pessoas, prejudicando sensivelmente a execução das tarefas do dia-a-dia. “Daí a necessidade de exames preventivos, especialmente quando o paciente apresenta mudanças de grau muito freqüentes. Quando a deformidade ainda é pequena, é possível, muitas vezes, evitar sua progressão”, alerta o oftalmologista Pedro Modesto Piccoli, da Clínica Barigüi.
A boa notícia é uma técnica inovadora para o tratamento do ceratocone. Trata-se do crosslinking, uma combinação de radiação ultravioleta e riboflavina (vitamina B2) cujo objetivo é diminuir ou paralisar a progressão desse afinamento. O mecanismo de atuação da nova técnica não é novo na área de saúde, pois o princípio biomecânico já tem sido usado com sucesso na ortopedia e na odontologia. O crosslinking, utilizando a luz UVA e a riboflavina, cria novas ligações entre as moléculas de colágeno adjacentes, capazes de produzir um aumento da rigidez corneana em até 3 vezes, deixando-a mais resistente. Apesar de ser muito utilizado na Europa e apresentar ótimos resultados, pois muitas vezes consegue conter a doença e evitar o transplante, o procedimento ainda é novo no Brasil e está em fase experimental. Vale frisar que existem limitações para a aplicação da técnica, como, por exemplo, sua utilização em pessoas com córneas muito finas e deformadas.
Causas e diagnóstico
As causas do ceratocone podem estar relacionadas a mudanças físicas, bioquímicas e moleculares no tecido corneano. É bem possível que a doença seja o resultado final de diferentes condições, podendo estar associada a doenças hereditárias, atopis (alérgicas) e condições sistêmicas. Mesmo sem ter uma causa conhecida, sabe-se que ela pode passar por períodos de agravamento e de estabilização.
O diagnóstico definitivo é feito com base nas características clínicas do paciente e confirmado por meio de exames, como a topografia corneana computadorizada (exame que mostra em imagem o formato preciso da córnea). A evolução do ceratocone é quase sempre progressiva, com aumento do astigmatismo, mas pode estacionar em determinados casos. “Por isso, os pacientes que ainda têm boa visão devem acompanhar e buscar interromper essa progressão, preservando a qualidade de sua visão”, completa Pedro Piccoli.
Tratamentos disponíveis para o ceratocone
Os tratamentos indicados para conter a evolução do ceratocone dependem do estágio da doença.
As opções mais utilizadas são as seguintes:
Correão optica
Inicialmente, os óculos ou lentes de contato podem compensar a deformidade. Entretanto à medida que a doença progride , a visão deixa de ser corrigida adequadamente, o que requer o uso de lentes de contato rígidas para fornecer uma visão satisfatória
Procedimentos cirúrgicosi
Anel intra-estroamal: Também conhecido como anel de Ferrara, é um dispositivo de acrílico implantado nas camadas da córnea,visando a regularização de deformações causadas pela doença.Entretanto,ainda não é consenso entre os especialistas não é aplicável em todos os casos.
Ceratoplastia penetrante: trata-se do transplante , em que a córnea com ceratocone é removida e a córnea do doador é recolocada e suturada no receptor.
Ceratoplastia Iamelar: apenas algumas camadas da córnea são transplantadas. Tal técnica é mais difícil de ser executada e ainda não está definida sua superioridade em relação à técnica penetrante.
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