Medicina

O que você precisa saber para garantir uma boa visão

A moderna oftalmologia indica o caminho e a tecnologia coloca à disposição os recursos necessários para a prevenção e o tratamento das doenças da retina

o-que-voce-precisa-saber-para-garantir-uma-boa-visao+walter

A retina pode ser comparada a um filme em uma câmera fotográfica. Ela é uma extensão do cérebro que reveste o fundo do nosso olho através de milhões de terminações nervosas sensíveis à luz, ou seja, é a membrana que transforma luz em estímulo nervoso e o envia ao cérebro para distinguirmos as imagens. Por isso é importante estar sempre atento, não apenas para manter a qualidade da visão, mas principalmente para evitar o aparecimento de complicações que podem comprometer a retina.

Atualmente, as doenças que afetam com maior frequência a retina são o diabetes, a hipertenção arterial e as obstruções venosas e arteriais, além da alteração do seu posicionamento (descolamento de retina). A boa notícia é que os avanços da oftalmologia permitem que novas tecnologias coloquem à disposição os recursos necessários para a prevenção e o tratamento dessas doenças. “Prevenir ainda é a melhor receita para evitar, reduzir ou estagnar problemas de visão decorrentes de complicações da retina. Se o paciente necessita de tratamento, dispomos hoje de medicamentos e terapias eficazes, como os medicamentos anti-VEGF (Lucentis, Avastin) e as terapias fotodinâmicas (PDT e IPDT), além dos lasers, injeções intravítreas e cirurgias específicas, que podem significar uma melhora da acuidade visual e o bloqueio da evolução da doença”, explica o oftalmologista Dr. Walter B. Carneiro Filho, do Hospital Barigui de Oftalmologia.

Doenças retinianas: prevenção e tratamento

Os altos níveis de açúcares no sangue podem lesar os vasos sanguíneos da retina. Por isso, é muito comum pessoas diabéticas desenvolverem a retinopatia diabética – não-proliferativa (RDNP) ou proliferativa (RDP). A primeira é branda e não costuma prejudicar a visão; a segunda é mais agressiva, já que novos vasos anormais crescem na superfície da retina ou do nervo óptico. “Dependendo do caso, o tratamento pode ser feito com aplicação de laser na retina (fotocoagulação) ou com a realização de cirurgia específica, como a vitrectomia”, esclarece Dr. Walter.

Associadas à hipertensão arterial, distúrbios de coagulação e diabetes, estão as alterações vasculares encontradas na retina, que podem provocar hemorragias e comprometer parcial ou totalmente a visão do paciente. “Grande parte das doenças vasculares e da retina é tratada com laser, sendo que o controle clínico da doença de base é sua melhor prevenção”, acentua o oftalmologista.

O paciente Pedro Nelson do Amaral, de 75 anos, diabético e hipertenso, apresentou um repentino embaçamento da visão depois de fazer um esforço físico. “Fui diagnosticado com um pequeno derrame no olho direito, que me deixou praticamente cego”, conta o aposentado. Com a vida limitada, o paciente tornou-se ansioso, irritado e muito inseguro ao se locomover. “A recuperação foi lenta, mas depois do tratamento voltei a enxergar normalmente e ganhei qualidade de vida”, comemora.

Outra doença da retina que acomete um número elevado de pessoas acima dos 50 anos é a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI), que afeta a área central da retina, a mácula. A maioria dos pacientes portadores da doença apresenta sua forma inicial e tem uma perda visual mínima. Com a evolução do caso, há a formação de um tecido fibroso na área afetada pelos vasos, levando a uma perda irreversível da percepção visual. No entanto, esse processo atinge apenas a área central da retina, mantendo a visão periférica e eliminando o risco de cegueira total. “Complexos vitamínicos, injeção de medicamentos anti-VEGF e os lasers utilizados nas terapias não-invasivas, protegem a mácula contra o processo degenerativo e apresentam bons resultados”, acrescenta o médico.

Já o descolamento de retina tem como principal sintoma uma queda acentuada da visão, que em pouco tempo pode levar a perda total. De acordo com Dr. Walter, esse deslocamento é provocado, frequentemente, pelo afinamento da retina, formando “buracos” e levando à doença. “Tal característica é mais comum em pacientes adultos e altos míopes. O sucesso do tratamento é diretamente proporcional ao diagnóstico precoce”, afirma. O procedimento é cirúrgico e consiste na retirada do gel vítreo (vitrectomia), aplicação de laser, colocação ou não de silicone (óleo) no interior do olho, com objetivo de estimular a formação de uma cicatriz que provoque aderência à retina. “Hoje, temos várias opções para o tratamento das doenças retinianas. Tudo dependerá do estágio em que a doença for detectada”, alerta o especialista.

+ Saiba mais

Artigos Relacionados