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Inimigos noturnos

Desperte sua atenção para os distúrbios do sono: o diagnóstico correto é o seu principal aliado

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Cansaço, dor nas costas, náuseas, sonolência diurna, irritabilidade, queda de produtividade, diminuição da memória, alterações de humor, desânimo, transtornos hormonais, baixa libido, imunidade diminuída, aumento do risco de doenças cardíacas. Para citarmos os mais de 100 malefícios de uma noite maldormida, uma página seria pouco. E a informação fica ainda mais alarmante quando descobrimos que um terço da população mundial feminina apresenta sintomas de insônia. “Em maior incidência, são as mulheres que não desligam os pensamentos dos problemas e, assim, abrem espaço para um dos vários distúrbios do sono”, alerta a médica neurofisiologista especialista em distúrbios de sono, Dra. Olga Judith Hernandez Fustes.

Segundo a profissional, o sono é o mais importante regenerador. “A produção hormonal está diretamente relacionada ao sono e à capacidade de conseguir atingir determinados estágios do sono”, explica. São quatro fases, cada uma com importância fundamental e que devem ser realizadas para completar o ciclo de sono: sonolência, relaxamento, aprofundamento e sonho. “Nossa energia, a consolidação da memória e aprendizado são produzidos no sono, estando muito relacionado com o hormônio do crescimento, que é produzido durante a fase de sono lenta (3). O estágio REM, no qual geralmente sonhamos, é responsável pela restauração e sensação de sono reparador, por isso é importante atingir com qualidade as quatro fases”, explica a Dra. Olga.

Nos homens, o problema maior está com os distúrbios respiratórios – mas o estresse não fica de fora. “Tanto nos adultos como nas crianças, a ansiedade é um dos principais causadores de distúrbios de sono, pois é comum ficarmos empolgados com algumas datas comemorativas, reuniões de trabalho, entrevistas de emprego ou com a expectativa de que no dia seguinte teremos que tomar decisões importantes. É preciso deixar as preocupações de lado quando deitamos em nossa cama”, lembra a Dra. Olga.

 

Diagnóstico correto

A polissonografia é o exame indicado por profissionais para diagnóstico dos distúrbios do sono. O paciente dorme uma noite na clínica, ou no hospital, onde é monitorado por um aparelho que mede os indicadores do corpo humano. “São colocados vários eletrodos para registrar toda e qualquer atividade elétrica cerebral, cardíaca e respiratória, incluindo a movimentação do paciente enquanto ele dorme”, explica a médica. O paciente é observado por um técnico, que acompanha todos os sinais vitais. A novidade agora é que o exame já pode ser realizado na própria casa do paciente.

De acordo com a especialista, o maior problema está no despertar noturno: casos em que as pessoas, mesmo sem saber ou sentir, despertam dezenas e até centenas de vezes em uma única noite, seja pelo ronco, apneia (parada respiratória) ou movimentação do corpo e das pernas. “Ansiedade, taquicardia, obstrução das vias respiratórias e, principalmente, o estresse e a falta de uma higiene do sono, que inclui cuidados com o ambiente do quarto, barulho, luminosidade, temperatura e até um bom colchão e travesseiro, provocam esses despertares”, declara a neurofisiologista.

 

Atendimento em casa

Normalmente, a polissonografia é realizada em uma clínica ou hospital com um ambiente que simule a residência do paciente. Mas, se você é daquele que não consegue dormir tranquilo fora de casa, saiba que o exame já pode ser feito em casa. “É a garantia do resultado e a possibilidade de conforto ao paciente. O aparelho é cuidadosamente transportado para a residência e todas as recomendações são passadas”, diz a médica.

 

Sonhar faz bem

O sonho chega quando atingimos o estágio REM – Rapid Eye Movement. É nessa fase que processamos o que aprendemos durante o dia e armazenamos as informações necessárias. “É a fase da intensa atividade cerebral. Embora não ocorra um descanso profundo do cérebro, o sonho é essencial para a recuperação emocional e exercício dos pensamentos”, explica a médica.

Dra. Olga ressalta que as alterações no sono gera uma série de microdespertares, e que durante esses despertares acontecem descargas adrenérgicas que levam à taquicardia e até a elevação da pressão arterial.

Outro alerta é que a população desconhece que a quantidade de horas que devemos dormir está ligada a um gene, que é individual para cada pessoa, porém dormir menos de seis horas ao dia está relacionado com maior risco de doenças. “A má qualidade do sono está associada diretamente ao maior risco de morte, principalmente cardíacos, infarto, AVC, isquemias, resistência à insulina, diabetes, obesidade, demência e arterioscleroses, sem falar no aumento de acidentes de trânsito, de trabalho e na baixa produtividade”, enfatiza a especialista.

Um diagnóstico correto e o tratamento adequado no caso de comprovação de algum distúrbio são essenciais para que a pessoa tenha qualidade de vida. “Caso o paciente perceba qualquer alteração ou aparição de sintomas, é preciso consultar um especialista. O verdadeiro sono é reparador e é valioso para todos”, finaliza a neurofisiologista.

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