Avanços da Medicina

Perder peso, sim; massa magra, não

Conheça o exame que possibilita mapear o metabolismo com acompanhamento de dados e adequação nas dietas e exercícios, para perder peso de forma saudável

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“Faço tudo direitinho e não consigo emagrecer de jeito nenhum!” Sem dúvida você já ouviu essa frase, mas sabia que a dificuldade de perder peso pode ser decorrente de dietas e atividades físicas inadequadas? E que por meio de um exame que dura menos de um minuto é possível estimar a porcentagem de gordura e músculos no corpo?

A bioimpedância é um exame que pode rapidamente ser realizado em um consultório médico ou ambulatório, utilizando-se de um aparelho parecido com uma balança, mas que exibe muito mais do que o peso do corpo. Para realiza-la, é preciso imputar os dados do paciente, tais como idade, altura e sexo. O paciente permanece no aparelho por 30 segundos e, através de um método chamado impedância, que atua por condutividade elétrica, o aparelho fornece o peso, a massa de musculatura e a massa de gordura do paciente, que são captados e descarregados no computador.

O aparelho mede a condutividade da água, que é utilizada como comparação, e assim consegue medir a condutividade da musculatura e, posteriormente, de gordura. Assim, tendo o peso de massa magra (músculo), é possível estimar o gasto calórico diário de uma pessoa, viabilizando uma avaliação personalizada, que pode ser feita por um endocrinologista e/ou nutricionista  que indicará a melhor conduta.

Com esse exame é possível conhecer mais sobre o metabolismo, mensurando a quantidade aproximada de calorias que a pessoa gasta quando executa determinada atividade física, e também o gasto energético basal, ou seja, a quantidade de calorias que precisa para sobreviver em situação de repouso. Isso permite a elaboração de uma dieta personalizada, de acordo com a necessidade de cada metabolismo.

Além disso, estimar o gasto metabólico em repouso, bem como em determinadas atividades, possibilita que o programa de exercícios físicos possa ser otimizado dependo da resposta de cada organismo. Dessa maneira, os resultados obtidos com a dieta e o treinamento físico são muito mais rápidos e eficientes.

“Mesmo que uma pessoa tenha a porcentagem ideal de massa muscular e de gordura, é possível que estes valores estejam mal distribuídos pelo corpo. Esta é uma grande vantagem da bioimpedância, pois, com os valores fornecidos pelo exame, o paciente é dividido em quadrantes de membros superiores, membros inferiores e abdome, e assim conseguimos ver como se distribui sua massa magra/músculos e a massa de gordura, denunciando em qual quadrante, ou seja, em qual parte do corpo, os índices apresentam-se acima ou abaixo do normal”, explica a médica endocrinologista Dra. Camila Maciel de Oliveira, que integra a equipe multiprofissional de tratamento da obesidade do instituto Paulo Nassif, em Curitiba, e tem doutorado em Síndrome Metabólica pela USP-SP.

 

Tecnologia auxilia tratamento contra a obesidade

Se para quem quer perder alguns quilinhos a bioimpedância traz tantos benefícios, imagine no tratamento da obesidade!

O comerciante Valdir Pereira, de 53 anos, passou boa parte de sua vida adulta brigando com seu metabolismo na tentativa de perder peso. Desde que saiu do exército, foi gradativamente engordando até que, há cerca de um ano, chegou a um ponto insustentável. Ele já não conseguia conviver com a hipertensão arterial, resistente às medicações; a apneia do sono, que assustava sua esposa a cada parada respiratória durante a noite; os problemas de circulação; as dores articulares constantes; os índices elevadíssimos de colesterol e triglicerídeos e todos os outros agravantes, constrangimentos e incômodos que os 142 quilos lhe causavam.

“Tudo começou muito discretamente, e dia após dia ficava pior. Fiz todo tipo de dieta que me apresentavam e até usei medicações, que no início pareciam funcionar, mas com o tempo paravam de fazer efeito. Até que cheguei a um limite. Eu sabia que precisava tomar uma atitude que resgatasse a minha vida, antes que fosse tarde demais”, comenta Valdir. Então, ele decidiu submeter-se a uma cirurgia bariátrica.

Após a criteriosa avaliação de uma equipe multiprofissional, composta por médicos, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, e a realização de dezenas de exames clínicos e laboratoriais, Valdir passou pela cirurgia que mudou completamente sua vida.

Passados nove meses, ele já eliminou quase 50 quilos: um terço do que pesava antes do procedimento. E ganhou muita saúde. A pressão arterial, antes incontrolável, os níveis de colesterol e triglicerídeos, estão todos normalizados, sem nem mesmo a necessidade de usar medicações. As dores articulares e os problemas circulatórios também já não existem. E as noites são bem mais tranquilas, sem a apneia do sono. “Estou me sentindo melhor do que nunca. Ver os resultados rápidos do tratamento animam a seguir as orientações que os profissionais me apresentaram para alcançar e manter a qualidade de vida que eu buscava”, ressalta o determinado comerciante.

Além de uma dieta equilibrada, Valdir, que no passado não tinha fôlego nem sequer para um passeio, hoje pratica exercícios físicos regularmente, não abre mão das caminhadas e se sente cada dia mais disposto. Do passado, ficaram algumas peças de roupas, fotos e a memória de uma vida difícil e cheia de limitações.

 

Acompanhamento antes e depois

O protocolo de cirurgia bariátrica exige uma ampla avaliação, um acompanhamento minucioso e participação ativa do paciente em seguir as orientações da equipe médica. Isso porque, embora a cirurgia seja uma importante ferramenta no controle da obesidade, os bons resultados só acontecem quando o paciente muda seus hábitos de vida.

É nesse sentido que a bioimpedância pode ser um significativo diferencial no tratamento. “O ideal é que o exame seja realizado durante a fase avaliativa do pré-operatório e repetido um mês após a cirurgia, três meses depois e, então, a cada seis meses. Dessa maneira, é possível acompanhar como a redução de peso está ocorrendo e, principalmente, se há redução na massa muscular – um sinal de que as coisas não vão tão bem como deveriam e que serão necessários ajustes na dieta e no programa de exercícios físicos, já que uma perda importante de musculatura no pós-operatório é prejudicial ao metabolismo do paciente. Quem perde peso e mantém uma boa massa muscular, mantém um metabolismo adequado e tem menos chance de reganho de peso”, explica o cirurgião do aparelho digestório Paulo Afonso Nunes Nassif, que coordena a equipe multiprofissional do Instituto Paulo Nassif no tratamento da obesidade.

A dieta equilibrada, a realização de atividade física e a manutenção de uma massa muscular adequada é o que garantirá uma boa resposta do tratamento cirúrgico em longo prazo, permitindo que o paciente tenha saúde e não volte a ganhar peso. Para isso, é importante fazer um acompanhamento clínico permanente, pois, além da bioimpedância, todo paciente submetido à cirurgia deve realizar regularmente os demais exames solicitados pela equipe médica. Afinal, como Valdir, o que todo mundo deseja ao emagrecer, é ter uma vida com mais saúde.

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